Processo decisório sobre investimento em Fintechs: especializaçao do investidor e vieses positivos e negativos da informação
DOI:
https://doi.org/10.20397/2177-6652/2023.v23i1.2296Palavras-chave:
Palavras-chave, Investimento, Startups, Fintechs, Justificação, Métricas contábeis.Resumo
Objetivo do estudo: O artigo teve como objetivo detectar a propensão dos respondentes em investir em uma Fintech Startup (serviço de meio de pagamento eletrônico) considerando uma informação contábil de prejuízo (viés negativo) e informação extracontábil acerca do crescimento no mercado de tecnologia (viés positivo). Além disso, foi avaliado se e a área de formação acadêmica dos respondentes (Ciências Contábeis ou Computação) gera análises diferentes dessas informações na tomada de decisões.
Motivação/Originalidade: A motivação da pesquisa baseia-se no crescimento do número de Startups nos últimos anos e na característica do setor em que as empresas incorrem em perdas nos primeiros anos de atividade ao fazerem investimentos para se posicionarem numa situação de vantagem competitiva. Nenhuma outra pesquisa no Brasil utilizou a abordagem experimental para avaliar a tomada de decisão dos investidores não profissionais sobre as informações financeiras e estratégicas das Fintechs.
Metodologia: Usando uma abordagem experimental, alunos de graduação em Contabilidade e Ciência/Engenharia da Computação foram randomizamos em um de três grupos diferentes. Os grupos foram (i) controle, (ii) experimental contábil, (iii) experimental estratégico. Primeiramente, os respondentes receberam informações gerais sobre a empresa e foram solicitados a responder uma probabilidade de investir nela. Posteriormente, os respondentes dos grupos experimentais receberam (i) as informações contábeis que apresentaram um prejuízo contábil ou (ii) as mesmas informações contábeis e informações extra-contábeis que explicam a estratégia da empresa. Mais uma vez, os respondentes foram solicitados a responder sua probabilidade de investir na Fintech.
Principais resultados: Os resultados demonstram que o efeito principal da formação acadêmica não foi significativo na tomada de decisão sobre a propensão a investir. Por outro lado, o efeito principal das informações recebidas pelos respondentes influencia suas decisões. Além disso, os resultados do efeito moderado mostram que as informações recebidas têm um impacto diferente no que diz respeito à formação dos alunos. A perda nas informações contábeis impactou negativamente a avaliação dos alunos de Ciências Contábeis, mas não os de Ciência/Engenharia da Computação. Os alunos de Computação aumentaram suas avaliações da Startup após o recebimento das informações contábeis, pois não focaram suas opiniões no prejuízo contábil. O viés positivo contido nas informações estratégicas extra-contábeis atuou como mitigador do impacto negativo da perda para os alunos de Ciências Contábeis, portanto, eles responderam com maiores propensões a investir.
Referências
Aerts, W. (2005). Picking up the pieces: impression management in the retrospective attributional framing of accounting outcomes. Accounting, Organizations and Society, 30(6), 493–517. https://doi.org/10.1016/J.AOS.2004.07.001
Araujo, M. M. (2012). Avaliação de ativos intangíveis: O caso de uma empresa de software [Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual do Ceará]. http://www.uece.br/ppga/wp-content/uploads/sites/49/2020/08/MIRNA_MAIA.pdf
Arthur, B.W. & Polak, W. (2006). The evolution of technology within a simple computer model. Complexity, 11 (5), pp. 23-31. https://doi.org/10.1002/cplx.20130
Barbosa, R. C. O., & Zilber, M. A. (2013). As características competitivas que impactam a adoção de inovação: um estudo sobre sistemas de pagamentos móveis. INMR - Innovation & Management Review, 10(3), 89-114. https://doi.org/10.5773/rai.v10i3.884
Barsade, S.G. (2002). The Ripple Effect : Emotional Contagion and its Influence on Group Behavior. Science, 47(4), pp. 644–675. https://doi.org/10.2307/3094912
Bradbury, M. E., Hsiao, P.-C. K., & Scott, T. (2018). Summary annual reports: length, readability and content. Accounting & Finance, 60(3), pp. 2145-2165. https://doi.org/10.1111/acfi.12370
Brito, E. P. Z., Brito, L. A. L. & Morganti, F. (2009). Inovação e o desempenho empresarial: lucro ou crescimento? RAE electronica. 8(1). https://doi.org/10.1590/S1676-56482009000100007
Cacioppo, J.T., Gardner, W.L. & Berntson, G.G. (1997). Beyond Bipolar Conceptualizations and Measures: The Case of Attitudes and Evaluative Space. Personality and Social Psychology Review, 1(1), pp. 3–25. https://doi.org/10.1207/s15327957pspr0101_2
Carneiro, J., Silva, J. F. (2010) Medidas contábeis-financeiras como indicadores de desempenho organizacional: análise crítica de sua conceituação e operacionalização. Revista eletrônica de Gestão de Negócios, 6(3), pp. 31-68. ISSN 1809-0079
Chandra, Shalini; Srivastava, Shirish C.; and Theng, Yin-Leng (2010) Evaluating the Role of Trust in Consumer Adoption of Mobile Payment Systems: An Empirical Analysis. Communications of the Association for Information Systems, 27(1), Article 29. Disponível em: http://aisel.aisnet.org/cais/vol27/iss1/29
Clatworthy, M., & Jones, M. J. (2003). Financial Reporting of Good News and Bad News: Evidence from Accounting Narratives. Accounting and Business Research, 33(3), 171–185. https://Doi.Org/10.1080/00014788.2003.9729645
Coccia. M. (2017). Sources of technological innovation: radical and incremental innovation problem-driven to support competitive advantage of firms. Technology Analysis & Strategic Management, 29(9), pp. 1048-1061, 10.1080/09537325.2016.1268682
Dahlberg, T., Mallat, N., Ondrus, J., & Zmijewska, A. (2007). Past, present and future of mobile payments research: A literature review. Electronic Commerce Research and Applications, 7(2), 165-181. https://doi.org/10.1016/j.elerap.2007.02.001
Dias Filho, J. M. (2000). A linguagem utilizada na evidenciação contábil: uma análise de sua compreensibilidade à luz da teoria da comunicação. Caderno de Estudos, 24, 38–49. https://doi.org/10.1590/s1413-92512000000200003
DELOITTE - FEBRABRAN. (2020). Pesquisa FEBRABRAN de Tecnologia Bancária 2021. Disponível em: https://portal.febraban.org.br/pagina/3106/48/pt-br/pesquisa. Acesso em: 25 de agosto 2021.
Fenney, L.; Haines Jr, G. & Riding, A. L. (1999). Private investors’ investment criteria: insights from qualitative data. Venture Capital: An international Journal of Entrepreneurial Finance, 1(2), pp. 121-145. https://doi.org/10.1080/136910699295938
Fernandes, A. L. M. (2018). Fatores que influenciam a intenção de uso da moeda social digital: um experimento de campo [Tese de Doutorado, Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas – Fundação Getúlio Vargas].
Gai, K., Qiu, M., Sun, X. (2018). A survey on FinTech. Journal of Network and Computer Applications, 103(1), pp. 262–273. http://dx.doi.org/10.1016/j.jnca.2017.10.011
Gonçalves Filho, C., Gonçalves, C. A., & Pardini, D. J. (2009). O impacto da inovação e da gestão do conhecimento de marketing no desempenho de novos produtos no mercado. INMR - Innovation & Management Review, 5(2), 5-24. Recuperado de https://www.revistas.usp.br/rai/article/view/79107
Hampshire, C. (2017), "A mixed methods empirical exploration of UK consumer perceptions of trust, risk and usefulness of mobile payments", International Journal of Bank Marketing, 35(3), pp. 354-369. https://doi.org/10.1108/IJBM-08-2016-0105
Hsu, D. K., Wiklund, J., & Cotton, R. D. (2015). Success, Failure, and Entrepreneurial Reentry: An Experimental Assessment of the Veracity of Self-Efficacy and Prospect Theory. Entrepreneurship Theory and Practice, 41(1), 19–47. https://doi:10.1111/etap.12166
Hynek, J., & Janeček, V. (2006). Information gap between technology specialists and decision makers. 2006 IEEE International Conference on Mechatronics, ICM, 61–64. https://doi.org/10.1109/ICMECH.2006.252497
IBGE. (2019). Pesquisa Nacional por Amostre de Domicílios Contínua 2012-2019. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/educacao/17270-pnad-continua.html?edicao=28203&t=sobre
Ito, N. C., Hayashi Junior, P., Gimenez, F. A. P., & Fensterseifer, J. E. (1). Valor e vantagem competitiva: buscando definições, relações e repercussões. Revista De Administração Contemporânea, 16(2), 290-307. https://doi.org/10.1590/S1415-65552012000200008
Iudícibus, S. (2000). Teoria da contabilidade (6a ed). Atlas.
Leone, R. J.& Lima, W. H. (2011). Interpretação das Exigências de Prêmio por Alunos de Economia: Um experimento de Finanças Comportamentais na UFPB. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ (online), 16(1), pp. 2-18. ISSN 1984-3291
Leung, S., Parker, L., & Courtis, J. (2015). Impression management through minimal narrative disclosure in annual reports. The British Accounting Review, 47(3), 275–289. https://doi.org/10.1016/J.BAR.2015.04.002
Louzada, L. C. (2015). Relação entre a vantagem competitiva e o desempenho operacional da firma a partir do uso de métricas das demonstrações contábeis [Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais].
Lu, Y., Yang, S., & Chau, P. Y. K., Cao, Y. (2011). Dynamics between the trust transfer process and intention to use mobile payment services: A cross-environment perspective. Information & Management, 48, pp. 393-403. 10.1016/j.im.2011.09.006
Machado, F. G. (2015). Investidor anjo - uma análise de critérios de decisão de investimento em startups [Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo].
Meng,J. & Weng, X. (2017) Can Prospect Theory Explain the Disposition Effect? A New Perspective on Reference Points. Management Science 64(7):3331-3351. https://doi.org/10.1287/mnsc.2016.2711
Merkl‐Davies, D. M., Brennan, N. M., & McLeay, S. J. (2011). Impression management and retrospective sense‐making in corporate narratives. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 24(3), pp.315–344. https://doi.org/10.1108/09513571111124036
Moreira, R. L. (2018). Impression management strategies: the effects of attribution and presentantion order [Tese de Doutorado, Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas – Fundação Getúlio Vargas].
Ribeiro Filho, J. F., Libonati, J. J., Silva, F. D. C. & Mulatinho, C. E. S. (2007). Decisões de investimento baseadas em métricas contábeis: um experimento considerando variáveis de responsabilidade social. Interfaces de Saberes. Disponível em: https://revista.fafica-pe.edu.br/index.php/import1/article/view/52.
Ries, E. (2012). A startup enxuta. Lua de Papel.
Rozin, P. & Royzman, E. B. (2001). Negativity Bias, Negativity Dominance, and Contagion. Personality and Social Psychology Review, 5(4), pp. 296-320. https://doi.org/10.1207/S15327957PSPR0504_2
Rutherford, B. A. (2013). A Pragmatist Defense of Classical Financial Accounting Research. A journal of accounting, finance and business studies, 49(2), pp. 197- 218. https://doi.org/10.1111/abac.12003
Schierz, P. G., Schilke, O. & Wirtz, B. W. (2010). Understanding consumer acceptance of mobile payment services: An empirical analysis. Electronic Commerce Research and Applications, 9(3), pp. 209-216. https://doi.org/10.1016/j.elerap.2009.07.005
Schneider, L. (2014). Firm value in emerging network industries. Information Economics and Policy, 26(1), pp. 75-87. https://doi.org/10.1016/j.infoecopol.2014.01.001
Scott, M. B., & Lyman, S. M. (1968). Accounts. American Sociological Review, 33(1), pp. 46-62. https://doi.org/10.2307/2092239
Tan, J. D., Purba, J. T., & Widjaya, A. E. (2019). Financial Technology as an Innovation Strategy for Digital Payment Services in the Millenial Generation. Advances in Social Science, Education and Humanities Research, 292. https://doi.org/10.2991/agc-18.2019.58
Wetzel, W. Angels and informal risk capital. Sloan Management Review, 24 (4), 23-24, 1983.
Yang, Y., Liu, Y., Li, H. & Yu, B. (2015). Understanding perceived risks in mobile payment acceptance. Industrial Management & Data Systems, 115(2), pp. 253-269. https://doi.org/10.1108/IMDS-08-2014-0243
Zhang, B., Wardrop, R., Rau, R., & Gray, M. (2015). Moving mainstream: benchmarking the european alternative finance market. Journal of Financial Perspectives, 3(3). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3084008
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista Gestão & Tecnologia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os direitos, inclusive os de tradução, são reservados. É permitido citar parte de artigos sem autorização prévia desde que seja identificada a fonte. A reprodução total de artigos é proibida. Em caso de dúvidas, consulte o Editor.
