O Estudo da Influência Simbólica do Líder no Processo de Gestão do Conhecimento
DOI:
https://doi.org/10.20397/2177-6652/2015.v15i1.626Palavras-chave:
Gestão do conhecimento, Liderança, Organizações.Resumo
O esgotamento do modelo clássico de gestão organizacional, baseado na capacidade produtiva, em virtude da crescente complexidade do contexto econômico e social, exigiu das organizações esforço e dedicação para promover reposicionamento estratégico e adotar novas formas de pensar o negócio e coordenar os recursos. As vantagens de caráter temporário como o acesso a mercados fornecedores e consumidores, produção baseada em escala e escopo, entre outros, deixaram de surtir efeito, abrindo espaço para a concepção estratégica baseada em inovação e gestão do conhecimento, tipificando as novas tendências para a constituição de diferencial competitivo. Acompanhando as mudanças em curso destacou-se o foco no ser humano, por este representar, de forma inequívoca, a fonte de geração do conhecimento organizacional e a base para a constituição do processo de inovação. No entanto, ao mesmo tempo em que as pessoas assumiram a posição de destaque, potencializando as oportunidades de novos negócios, fundamentados em concepções criativas de soluções inovadoras, produtos e processos, surgiram, também, diversas incertezas e dúvidas no tocante à configuração do modelo de gestão, notadamente quanto ao papel do líder neste novo cenário. Vários autores retratam o líder como o elemento catalisador do processo de gestão. Mas qual deveria ser o papel do gestor no novo cenário organizacional, baseado no conhecimento e na inovação? De que forma o líder poderia influenciar o processo de gestão do conhecimento? Estas questões, entre outras, motivaram a construção do presente artigo, baseado nos resultados da pesquisa realizada por meio de estudo de caso múltiplo e método de análise de narrativas. A opção metodológica se justifica na medida em que o objetivo central do estudo visa a compreensão do contexto e a interpretação simbólica do ambiente social da organização por parte dos narradores das duas empresas estudadas, BETA e GAMA. Ao todo foram realizadas doze entrevistas, com gestores e técnicos da área de pesquisa e desenvolvimento, que é a unidade responsável pela consolidação da base do conhecimento organizacional, com vistas ao seu aproveitamento no processo de concepção de novos produtos e processos. Apesar das similaridades apresentadas pelas duas organizações na sua trajetória histórica, o método e as técnicas adotadas no processo de gestão do conhecimento diferem, influenciando o desempenho e resultados obtidos. O teor das narrativas permitiu evidenciar a origem da diferenciação na possível atuação do líder sobre a dimensão subjetiva no processo de gestão, decorrente de viés perceptivo e interpretativo que surgiu no decorrer da pesquisa. Autor acredita que os resultados podem facultar a concepção de novas abordagens e de linhas de pesquisa alinhadas com o referido tema.
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