Burnout no trabalho do médico: o caso dos profissionais que atuam no serviço de atendimento de urgência e emergência na cidade de Belo Horizonte-MG
DOI:
https://doi.org/10.20397/2177-6652/2020.v20i1.1623Palavras-chave:
Urgência e Emergência Médica, Profissão Médica, Trabalho Médico, Síndrome de Burnout.Resumo
Este trabalho descreve e analisa os elementos potencialmente desencadeadores da Síndrome de Burnout na profissão médica, baseando-se na teoria da Psicodinâmica do Trabalho e na percepção dos profissionais que atuam no serviço de atendimento de urgência e emergência de Belo Horizonte. A pesquisa descritiva de abordagem qualitativa foi realizada com 10 médicos, que responderam a uma entrevista estruturada baseada na teoria da Psicodinâmica do Trabalho e no instrumento de pesquisa MBI (Maslach Burnout Inventory). Os dados submetidos à Análise de Conteúdo categorial indicam risco de acometimento pela Síndrome devido a: intensa pressão no trabalho; rotina intensa e exaustiva; imprevisibilidade do trabalho; rigor no cumprimento da escala de plantões; inadequação e escassez de equipamentos; condições inadequadas e inseguras para realização do trabalho; falta de segurança pública na execução do trabalho externo. No que tange às dimensões da Síndrome de Burnout, os riscos decorrem de: grande esforço físico, emocional e relacional; sentimento de exaustão, desgaste e angústia; recorrente ideia de abandono da profissão; absorção de sentimentos negativos que emergem do relacionamento com o paciente; medo de não conseguir fazer o que é demandado; sentimento de que a remuneração não é compatível com a expectativa e esforço profissional.
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