O Estudo da Influência Simbólica do Líder no Processo de Gestão do Conhecimento

dusan schreiber

Resumo


O esgotamento do modelo clássico de gestão organizacional, baseado na capacidade produtiva, em virtude da crescente complexidade do contexto econômico e social, exigiu das organizações esforço e dedicação para promover reposicionamento estratégico e adotar novas formas de pensar o negócio e coordenar os recursos. As vantagens de caráter temporário como o acesso a mercados fornecedores e consumidores, produção baseada em escala e escopo, entre outros, deixaram de surtir efeito, abrindo espaço para a concepção estratégica baseada em inovação e gestão do conhecimento, tipificando as novas tendências para a constituição de diferencial competitivo. Acompanhando as mudanças em curso destacou-se o foco no ser humano, por este representar, de forma inequívoca, a fonte de geração do conhecimento organizacional e a base para a constituição do processo de inovação. No entanto, ao mesmo tempo em que as pessoas assumiram a posição de destaque, potencializando as oportunidades de novos negócios, fundamentados em concepções criativas de soluções inovadoras, produtos e processos, surgiram, também, diversas incertezas e dúvidas no tocante à configuração do modelo de gestão, notadamente quanto ao papel do líder neste novo cenário. Vários autores retratam o líder como o elemento catalisador do processo de gestão. Mas qual deveria ser o papel do gestor no novo cenário organizacional, baseado no conhecimento e na inovação? De que forma o líder poderia influenciar o processo de gestão do conhecimento? Estas questões, entre outras, motivaram a construção do presente artigo, baseado nos resultados da pesquisa realizada por meio de estudo de caso múltiplo e método de análise de narrativas. A opção metodológica se justifica na medida em que o objetivo central do estudo visa a compreensão do contexto e a interpretação simbólica do ambiente social da organização por parte dos narradores das duas empresas estudadas, BETA e GAMA. Ao todo foram realizadas doze entrevistas, com gestores e técnicos da área de pesquisa e desenvolvimento, que é a unidade responsável pela consolidação da base do conhecimento organizacional, com vistas ao seu aproveitamento no processo de concepção de novos produtos e processos.  Apesar das similaridades apresentadas pelas duas organizações na sua trajetória histórica, o método e as técnicas adotadas no processo de gestão do conhecimento diferem, influenciando o desempenho e resultados obtidos. O teor das narrativas permitiu evidenciar a origem da diferenciação na possível atuação do líder sobre a dimensão subjetiva no processo de gestão, decorrente de viés perceptivo e interpretativo que surgiu no decorrer da pesquisa. Autor acredita que os resultados podem facultar a concepção de novas abordagens e de linhas de pesquisa alinhadas com o referido tema.


Palavras-chave


Gestão do conhecimento; Liderança; Organizações.

Texto completo:

PDF

Referências


BERNSTEIN, M. Identity Politics. Annual Review of Sociology; 2005; 31, pg.47.

BERTHON, P.; PITT, L. F.; EWING, M. T. Corollaries of the collective: The influence of organizational culture and memory development on perceived decision-making context. Journal of Academy of Marketing Science. v. 29, n.2; p. 135-150, 2001.

BLANCHARD, K H.; HERSEY, P.; JOHNSON, D. Management of Organizational Behavior: Utilizing Human Resources. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1996.

BOJE, D. M. Stories of the storytelling organization: A postmodern analysis of Disney as “Tamara-Land”. Academy of Management Journal, August 1995.

BONOMA, T. V. Case research in marketing: opportunities, problems, and process. Journal of Marketing Research, v.22, n.2, p.199-208, 1985.

BROWN, J. S.; DUGUID, P. Organizational learning and communities-of-practice – toward a unified view of working, learning, and innovation. in COHEN, M. D.; SPROULL, L. S. (eds.). Organizational Learning. New York: Sage publications, 1996, p.58-82.

CHAPMAN, R.; HYLAND, P. Complexity and learning behaviors in product innovation. Technovation, v.24, n.7, p.553–561, 2004.

CHIN-LOY, C.; HUIZENGA, W. Assessing the influence of organizational culture on knowledge management success. Tese de Doutorado da School of Business and Entrepreneurship from Nova Southeastern University, 2003.

COOK, S. D. N.; BROWN, J. S. Bridging epistemologies: The generative dance between organizational knowledge and Organizational knowing. Organization Science; Jul/Aug 1999; 10, 4; pg. 381

CZARNIAWSKA, B. Anthropology and Organizational Learning, cap. 5, p. 118-136. Do Handbook : DIERKES, Meinolf ; ANTAL Ariane. B.; CHILD, John; NONAKA, Ikujiro (Orgs.). Organizational Learning and Knowledge, New York: Oxford, 2001.

DAFT, R.; WEICK, K. E. Por um modelo de organização concebido como sistema interpretativo. Revista de Administração de Empresas – RAE, v.45, p.73-86, 2005.

DAVENPORT T.; PRUSAK L. Conhecimento empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

DHANARAJ, C., LYLES, M. A., STEENSMA, H. K.; TIHANYI, L. Managing tacit and explicit knowledge transfer in IJVs: the role of relational embeddedness and the impact on performance. Journal of International Business Studies (2004) 35, 428–442& 2004 Palgrave Macmillan Ltd. All rights reserved 0047-2506

FISCHER, G. N. Espaço, identidade e organização. In: CHANLAT, Jean-François (Coord.). O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1996. v. 2.

FORCADELL, F. J.; GUADAMILLAS, F. A case study on the implementation of a knowledge management strategy oriented to Innovation. Knowledge and Process Management; v.9, n.3, p.162-171, 2002.

FOSS, N. J.; PEDERSEN, T. Organizing knowledge processes in the multinational corporation: an introduction. Journal of International Business Studies, v.35, n.5, p. 340–349, 2004.

GARAVELLI, A. C., GORGOGLIONE M., SCOZZI, B. Managing knowledge transfer by knowledge technologies. Technovation 22 (2002) 269–279

GRANT, R. M. Toward a knowledge-based theory of the firm. Strategic Management Journal, v. 17, Winter Special Issue, 109–122, 1996.

GURTEEN, D., 1998. Knowledge, creativity and innovation. Journal of Knowledge Management 2(1), 5-13.

HENARD, D. H.; MCFADYEN, M A., 2006. R&D knowledge is power. Research Technology Management 49(3), 41-47.

HUBER, G. P. Organizational learning: the contributing processes and the literature. Organization Science, v.2, n.1, p.88-113, 1991.

KOVACH, B. E.; PARISH, J. How to Lead the Metamorphosis. Training and Development Journal; Dec 1998; 42, 12, pg. 40

LOASBY, B. J. The organisation of capabilities. Journal of Economic Behavior & Organization. Vol. 35 (1998) 139±160

MARTIN, X.; SALOMON, R. Knowledge transfer capacity and its implications of the theory of the multinational corporation. Journal of International Business Studies, v.34, n.4, p.356-373, 2003.

MOEN, T. Reflections on the Narrative Research Approach. International Journal of Qualitative Methods. c5 (4) December 2006.

MORT, J. Nature, value and pursuit of reliable corporate knowledge. Journal of Knowledge Management; v.5, n.3, .222-230, 2001.

NIGHTINGALE, P. A cognitive model of innovation. Research Policy 27_1998.689–709 Complex Product System InnoÍation Centre, Science Policy Research Unit, Mantell Building, UniÍersity of Sussex, Brighton, BN1 9RF, UK Accepted 24 June 1998

NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação Rio de Janeiro, Editora Campus, 1997

ORTIZ, R. Mundialização e cultura. São Paulo: Editora Brasiliense, 2003. p.147-182

PARIKH, M. Knowledge management framework for high-tech research and development. Engineering Management Journal; Sep 2001; 13, 3; ABI/INFORM Global pg. 27

PARK, Y.; KIM, S. Linkage between knowledge management and R&D management. Journal of Knowledge Management; 2005; 9, 4; ABI/INFORM Global pg. 34

POLANYI, M. The tacit dimension. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1966.

POLKINGHORNE, D. Validity issues in narrative research. Qualitative Inquiry, v.13, n.4, p.471-486, 2007.

PULASKI, M. A. S. Compreendendo Piaget: uma introdução ao desenvolvimento cognitivo da criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1986

RIESSMAN, C. K.. Narrative analysis. London: SAGE, 1993.

SELZNIK, P. A Liderança na Administração: Uma Interpretação Sociológica. Trad. De Arthur Pereira e Oliveira Filho. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas: 1971.

SHEARER, C. S.; HAMES, D. S.; RUNGE, J. B. How CEOs influence organizational culture following acquisitions. Leadership & Organization Development Journal. Bradford: 2001. Vol. 22, Num. 3; pg. 105

SHENKAR, O.; Li, J. Knowledge search in international cooperative ventures. Organization Science, v.10, n.2, p.134-143;1999.

SIMONIN, B. An empirical investigation of the process of knowledge transfer in international strategic alliances. Journal of International Business Studies, v.35, n.5, p. 407–427, 2004.

SIMS, R. R. Changing an organization's culture under new leadership. Journal of Business Ethics; May 2000; 25, 1; pg. 65

SORENSEN, C.; LUNDH-SNIS, U. Innovation through knowledge codification. Journal of Information Technology, v.16, n.2, p. 83-97, 2001.

SPENDER, J. C. Making Knowledge The Basis Of A Dynamic Theory Of The Firm. Strategic Management Journal, v.17, Winter Special Issue; p. 45-62, 1996.

SPENDER, J. C.; GRANT, R. M. Knowledge And The Firm: Overview. Strategic Management Journal, v.17, Winter special issue, p.5-9, 1996.

STEVENSON, W. B.; BARTUNEK, J. M. Power, Interaction, Position and the Generation of Cultural Agreement in Organizations. Human Relations; Jan 1996; 49, 1, pg. 75.

STOKOWSKI, P. A. Languages of place and discourses of power: Constructing new senses of place. Journal of Leisure Research; Fourth Quarter 2002; 34, 4; pg. 368.

STRATI, A. Organizational symbolism as a social construction: A perspective from the Sociology of Knowledge. Human Relations; Nov 1998; 51, 11; pg. 1379

SUGATO, L. Building commitment through organizational culture. Training & Development; v.48, 4; p. 50-52, 1994.

SZULANSKI, G. Exploring internal stickiness: impediments to the transfer of best practice within the firm. Strategic Management Journal, v.17, winter special issue, p.27-43, 1996.

TELL, F. What Do Organizations Know? Dynamics of Justification Contexts in R&D Activities. Organization; v. 11, n.4 , p.443-471, 2004.

TSOUKAS, H. The Firm as a Distributed Knowledge System: A Constructionist Approach. Strategic Management Journal (1986-1998); Winter 1996; 17, Winter Special Issue; ABI/INFORM Global pg. 11

TULL, D. S.; HAWKINS, D. I. Marketing Research, Meaning, Measurement and Method. Macmillan Publishing Co., Inc., London, 1976

VAUGHN, M. A. Organization Symbols: An Analysis of their types and functions in a reborn organization. Management Communication Quarterly: McQ; Nov 1995

VON GLINOW, M. A.;TEAGARDEN, M. The transfer of human resource management technology in Sino-US cooperative ventures: problems and solutions, Human Resource Management, v.27, n.2, p. 201–229, 1988.

WEICK, K. E. Sensemaking in organization. London: Sage, 1995.

WINTER, S. G. Conhecimento e competência como ativos estratégicos. In: Klein, D. A. A gestão estratégica do capital intelectual: recursos para a economia baseada em conhecimento. Rio de Janeiro: Qualimark, 1998.

YIN, R. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.

ZANDER, U.; KOGUT, B. Knowledge and the speed of transfer and imitation of organizational capabilities: an empirical test, Organization Science, v.6, n.1, p. 76–92, 1995.




DOI: https://doi.org/10.20397/2177-6652/2015.v15i1.626

Métricas do artigo

Carregando Métricas ...

Metrics powered by PLOS ALM

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Direitos autorais 2015 Revista Gestão & Tecnologia

Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição - NãoComercial 4.0 Internacional.