Relação entre setores econômicos, oferta e demanda de tecnologia no estado do Paraná

Carina Rau, Décio Estevão do Nascimento, Ricardo Lobato Torres

Resumo


Objetivo do estudo: O objetivo deste artigo é relacionar os setores econômicos, a oferta de tecnologia das instituições científicas e tecnológicas (ICTs) e a demanda do setor produtivo paranaense.

Metodologia/Abordagem: A pesquisa realizada é documental, com coleta de dados de patentes de ICTs paranaenses (oferta) e de contratos de tecnologia averbados por empresas (demanda). Trata-se de uma pesquisa predominantemente descritiva, apresentando características sobre a economia, oferta e a demanda de tecnologia no Paraná.

Originalidade/Relevância: No Brasil, as ICTs são as principais produtoras de conhecimento tecnológico. Porém, não se sabe se esta oferta de tecnologia está alinhada à demanda do sistema regional de inovação (SRI) do qual fazem parte.

Principais resultados: Foram constatadas três realidades: i) alinhamento parcial entre os principais setores demandantes de tecnologia e os principais setores econômicos do Paraná, com ênfase nas indústrias automotiva e alimentícia; ii) pouca relação entre a oferta de tecnologia (maiores: produtos eletrônicos, farmacêuticos, químicos e agropecuária) e os principais setores econômicos do estado e; iii) desalinhamento entre oferta e demanda de tecnologia.

Contribuições teóricas/metodológicas: A contribuição do conteúdo analítico dessa pesquisa sobre a realidade da oferta e demanda tecnológica do SRI paranaense, no contexto da economia local, é potencialmente relevante para a formulação de políticas públicas.

Contribuições sociais / para a gestão: Apesar de as ICTs do Paraná não precisarem focar suas pesquisas somente no setor produtivo local, poderiam se alinhar prioritariamente ao SRI, focando também nas áreas estratégicas do estado. Esta mudança envolve um grande esforço coletivo tanto do governo, quanto das ICTs e empresas.


Palavras-chave


desenvolvimento tecnológico; instituições científicas e tecnológicas; setor produtivo; contratos de tecnologia; inovação

Texto completo:

PDF

Referências


Bastos, V. D. & Frenkel, J. (2017). Resultados paradoxais da política de inovação no Brasil. Revista do BNDES, 47, 359- 421.

Baycan, T. & Stough, R. R. (2013). Bridging knowledge to commercialization: the good, the bad, and the challenging. The Annals of regional science, 50, 367–405.

Buainain, A. M. et al. (2018). Propriedade intelectual, inovação e desenvolvimento: desafios para o Brasil. Rio de Janeiro: ABPI.

Calzolaio, A.E., Spricigo, G. & Monteiro, S.M.M. (2018). Da gaveta para a indústria: correspondência entre patentes universitárias e atividades econômicas. Revista Gestão & Tecnologia, 18(1).

Cesaroni, F. & Piccaluga, A. (2016). The activities of university knowledge transfer offices: towards the third mission in Italy. The Journal of Technology Transfer, 41(4), 753-777.

Closs, L. Q. & Ferreira, G. C. (2012). A transferência de tecnologia universidade-empresa no contexto brasileiro: uma revisão de estudos científicos publicados entre os anos 2005 e 2009. Gestão da Produção, 19(2), 419-432.

Etzkowitz, H. (2013) Anatomy of the entrepreneurial university. Social Science Information, 52(3), 486–511.

Freeman, C. (1995) The national system of innovation in historical perspective. Cambridge Journal of Economics, 19, 5-24.

Fromhold-Eisebith, M. & Werker, C. (2013) Universities' functions in knowledge transfer: a geographical perspective. The Annals of Regional Science, 51(3), 621-643.

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado De São Paulo (2011). Atividade de patenteamento no Brasil e no exterior. (Vol. 1, Cap. 5, pp. 1-54). São Paulo: FAPESP.

Furtado, A. T., Camillo, E. V. & Domingues, S. A. (2007). Os setores que mais patenteiam no Brasil por divisão da CNAE. Inovação Unicamp, 3(1).

Gil, A. C. (2017). Como elaborar projetos de pesquisa (5ª ed). São Paulo: Atlas.

Hsu, D. W.L., Shen, Y.C., Yuan, B. J.C. & Chou, C. J. (2015). Toward successful commercialization of university technology: Performance drivers of university technology transfer in Taiwan. Technological Forecasting and Social Change, 92, 25-39.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017). Pesquisa Industrial Anual - Empresa - PIA-Empresa 2017. Retirado em 01 julho, 2019 de https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/industria/9042-pesquisa-industrial-anual.html?=&t=resultados.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2020). CONCLA - Comissão Nacional de Classificação. Retirado em 08 agosto, 2020 de https://cnae.ibge.gov.br/?option=com_cnae&view=estrutura&Itemid=6160&chave=&tipo=cnae&versao_classe=7.0.0&versao_subclasse=9.1.

Instituto Nacional da Propriedade Industrial (2015). Resolução nº 156/2015. Retirado em 17 agosto, 2020 de https://www.gov.br/inpi/pt-br/assuntos/contratos-de-tecnologia-e-de-franquia/arquivos/Resolucao_156_2015.pdf.

Instituto Nacional da Propriedade Industrial (2019). Relatório de atividades INPI 2018. Rio de Janeiro: INPI, 2019. Recuperado em 09 agosto, 2020 de https://www.gov.br/inpi/pt-br/composicao/estatisticas/RelatoriodeAtividades2018.pdf.

Instituto Nacional da Propriedade Industrial (2020a). Transferência de tecnologia. Retirado em 17 agosto, 2020 de https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/perguntas-frequentes/transferencia-de-tecnologia#tipos.

Instituto Nacional da Propriedade Industrial (2020b). Consulta à Base de Dados do INPI. Retirado em 05 agosto, 2020 de https://gru.inpi.gov.br/pePI/servlet/LoginController?action=login.

Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (2017). Os Vários Paranás: as espacialidades socioeconômico-institucionais no período 2003-2015. Curitiba: Ipardes.

Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (2020). Paraná em números. Recuperado em 14 agosto, 2020 de http://www.ipardes.pr.gov.br/Pagina/Parana-em-Numeros.

Lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996 (1996). Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Diário Oficial da União. Brasília, DF.

Lei n. 10.973, de 2 de dezembro de 2004 (2004). Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF.

Lei n. 13.243, de 11 de janeiro de 2016 (2016). Dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação. Diário Oficial da União. Brasília, DF:

Lundvall, B. A. (2001). Políticas de Inovação na Economia do Aprendizado. Parcerias Estratégicas, 6(10), 200-218.

Lybbert, T. J. & Zolas, N. J. (2014). Getting patents and economic data to speak to each other: An ‘algorithmic links with probabilities’ approach for joint analyses of patenting and economic activity. Research Policy, 43(3), 530-542.

Miller, K., McAdam, M. & McAdam, R. (2014) The changing university business model: a stakeholder perspective. R&D Management, 44(3), 265-287.

Ministério do Trabalho (2019). Relação Anual de Informações Sociais – RAIS. Ano-Base 2018. Retirado em 17 agosto, 2020 de http://pdet.mte.gov.br/rais?view=default.

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (2019). Política de Propriedade Intelectual das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação do Brasil: Relatório Formict Ano-Base 2018. Brasília, DF: Autor.

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2005). Manual de Oslo. (3ª ed.). Diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação.

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Manual de Frascati. Medição de atividades científicas e tecnológicas. São Paulo: F-Iniciativas, 2013.

Paraná. (2018). Comércio Exterior (n. 22). Curitiba: Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social.

Paraná. (2020). Relatório de gestão do Fundo Paraná 2019 – 2020. Recuperado em 10 janeiro 2020, de http://www.seti.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-01/relatorio_cct_pr_2019_2020_global.pdf.

Rajalo, S. & Vadi, M. (2017). University-industry innovation collaboration: Reconceptualization. Technovation, 62–63, 42–54.

Santos, M. E. R., Toledo, P. T.M. & Lotufo, R. A. (2009). Transferência de tecnologia: estratégias para a estruturação e gestão de Núcleos de Inovação Tecnológica. Campinas: Komedi.

Silva, L. C. S. (2016). Modelo de transferência de tecnologia verde por intermédio dos Núcleos de Inovação Tecnológica em Institutos de Ciência e Tecnologia brasileiros. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (2016). Setores Portadores de Futuro Para o Estado do Paraná 2015-2025. Curitiba: Senai/PR.

Shen, Y. (2017). Identifying the key barriers and their interrelationships impeding the university technology transfer in Taiwan: a multi-stakeholder perspective. Quality & Quantity, 51(6), 2865-2884.

Stumm, M. G. (org.), Valença, R., de Souza, M. et al. (2016). Panorama Industrial do Paraná. Curitiba: Sistema Fiep.

Toledo, P. T. M. (2015). A gestão da inovação em universidades: evolução, modelos e propostas para instituições brasileiras. Tese (Doutorado em Política Científica e Tecnológica), Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil.

Trencher, G., Yarime, M., Mccormick, K. B., Doll, C. N. H. & Kraines, S. B. (2014). Beyond the third mission: Exploring the emerging university function of co-creation for sustainability. Science and Public Policy, 41, 151–179.

Villani, E., Rasmussen, E. & Grimaldi, R. (2017). How intermediary organizations facilitate university-industry technology transfer: a proximity approach. Technological Forecasting and Social Change, 114, 86-102.

Zucoloto, G. F. (2013). Panorama da Propriedade Industrial no Brasil (Nota Técnica n. 9). Brasília: IPEA.




DOI: https://doi.org/10.20397/2177-6652/2022.v22i4.2032

Métricas do artigo

Carregando Métricas ...

Metrics powered by PLOS ALM

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Direitos autorais 2023 Revista Gestão & Tecnologia

Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição - NãoComercial 4.0 Internacional.